31.3.16

Cultura Popular


Cultura popular é uma expressão que caracteriza um conjunto de elementos culturais específicos da sociedade de uma nação ou região.

Muitas vezes classificada como cultura tradicional ou cultura de massas, a cultura popular é um conjunto de manifestações criadas por um grupo de pessoas que têm uma participação ativa nelas. A cultura popular é de fácil generalização e expressa uma atitude adotada por várias gerações em relação a um determinado problema da sociedade. A grande maioria da cultura popular é transmitida oralmente, dos elementos mais velhos da sociedade para os mais novos.

A cultura popular surgiu graças à interação contínua entre pessoas de regiões diferentes e à necessidade do ser humano de se enquadrar ao seu ambiente envolvente. A sociologia e etnologia, que estudam a cultura popular, não têm como objetivo fazer juízos de valor, mas identificar as manifestações permanentes e coerentes dentro de uma nação ou comunidade.

Alguns estudiosos indicam que cada pessoa tem no seu interior a noção do que é popular, que é definido pela vertente de tradição e comunidade.

A cultura popular é influenciada pelas crenças do povo em questão e é formada graças ao contato entre indivíduos de certas regiões. Pode envolver áreas m música, literatura, gastronomia, etc.


Cultura popular brasileira


A cultura popular brasileira é caracterizada por diferentes categorias culturais, causadas pelo regionalismo. Na cultura popular brasileira é possível verificar variações na música, dança,e gastronomia. A música sertaneja, a capoeira, o folclore, a literatura de cordel, o samba, são elementos importantes da cultura popular brasileira. No âmbito da gastronomia, a culinária baiana é das mais apreciadas no Brasil.


Cultura popular e cultura de massa


De acordo com alguns autores, só é possível fazer a diferenciação entre cultura popular e cultura de massas quanto o passar do tempo separa o que é moda e circunstância, alcançando e integrando a essência de um povo. Neste caso, a palavra "massa" não remete para uma classe social, e sim para um grande número de pessoas dentro de uma sociedade.

Apesar das duas expressões serem frequentemente usadas como sinônimos, algumas pessoas fazem a diferenciação, referindo que a cultura de massa revela um produto ou vertente cultural que é difundido para as grande massas, muitas vezes para todos o mundo. A cultura de massa é frequentemente divulgada em meios de comunicação de massa, e na grande maioria dos casos, é incentivada por indústrias com o objetivo de obter lucros. Exemplo disso é Coca Cola, MacDonald's, pizza, etc.

Por outro lado, a cultura popular remete para diferentes manifestações que são populares e com origem em diferentes regiões. Está mais relacionada com a tradição e é transmitida de geração em geração.


Cultura popular e cultura erudita


A cultura erudita, também conhecida como cultura de elite ou cultura superior, é aquela que é obtida através de estudos, investigação teórica e dados empíricos. Ao contrário da cultura popular, a cultura erudita é quase exclusiva para pessoas com capacidade financeira elevada. A ópera e obras de arte são alguns exemplos de manifestações da cultura erudita.








28.3.16

O Modernismo como Precursor da Identidade Cultural Brasileira


POR RENAN BINI

Macunaíma é uma obra do escritor brasileiro Mario de Andrade (1893 – 1945), um dos precursores do Modernista no Brasil, sendo também autor de Amar, Verbo Intransitivo e A Escrava que não é Isaura, dentre outros. Publicado originalmente em 1928, o livro faz parte da primeira fase do modernismo.

A obra se destaca pela originalidade da forma como descreve o povo indígena, divergindo de José de Alencar, por exemplo, em Iracema: “A virgem dos lábios de mel” (1865, Romantismo). Apesar de as obras fazerem parte de outro contexto histórico e período literário, Macunaíma representa a evolução na forma como os índios eram apresentados: antes de forma utópica e romântica com sua cultura preservada, agora de maneira debochada, e costumes afetados pela ideologia dominante na época.


Nesse aspecto, considerando o contexto em que a obra se insere, há relevância intrínseca ao definir o olhar ao objeto de análise, o presente artigo buscará por meio da Análise do Discurso de vertente francesa e da teoria dos estudos culturais, compreender a situação empírica, os interdiscursos, as condições de produção e as circunstâncias de enunciação da obra, do movimento que ela representa e suas influências na construção da identidade cultural do povo brasileiro.

De acordo com Orlandi (2013), a partir do estudo da AD, compreende-se, o homem em sua capacidade de significar e significar-se. Por meio da teoria, concebe-se a linguagem como mediação (discurso) necessária entre o homem e a realidade natural e social. Nesse aspecto, os discursos dominantes modelam diretamente o futuro do grupo social ao qual inserem-se (continuidade ou transformação do homem e da realidade em que ele vive).

Assim, considerando a linguagem não apenas como instrumento de mediação entre os seres humanos, mas principalmente como fator determinante à construção subjetiva/cultural e ao futuro de determinado povo, o presente trabalho caracteriza-se como um estudo da maneira em que as ideologias e as convenções sociais, por meio dos interdiscursos, influenciaram na construção da identidade cultural brasileira e como isso evidenciou-se na literatura, especificamente na obra e no protagonismo de Macunaíma.

Nesse aspecto, por meio da análise da convenção social e ideológica real, o estudo analisará parte dos discursos apresentados na rapsódia (considerando a ficção como desdobramento da visão de Mário de Andrade sobre o contexto sócio-histórico-cultural do início do século XX), aplicando-os à AD francesa, considerando as inter discursividades e o estado de passividade social dos personagens indígenas como desdobramentos do discurso persuasivo da cultura dominante na época.

Considerando a análise de gêneros literários, segundo Mikhail Bakhtin (1998), o gênero romance não deve ser visto somente como um encontro de linguagens, de tempos históricos distantes e de civilizações, pois, desta maneira, não teriam oportunidade de se relacionarem. A partir deste ponto de vista, a literatura representa uma tentativa de representar a vida, embora a liberdade do romancista, na representação da vida, seja diferente daquela que o historiador exerce, portanto, literatura e história se complementam. 

A análise de Discurso de vertente francesa considera a linguagem como mediação necessária entre sujeito e realidade natural e social. O discurso possibilita a permanência e a continuidade ou o deslocamento e a transformação do sujeito e do contexto ao qual está inserido. Transformação essa, que evidencia-se de forma gritante a partir do contato entre os protagonistas indígenas e a cidade de São Paulo.

De acordo com Orlandi (2013), a AD considera o sujeito e sua história, os processos e as condições de produção da linguagem, por meio da análise da relação estabelecida pela língua com os falantes e as situações em que o dizer é produzido. Assim, o analista de discurso relaciona a linguagem à exterioridade (contexto, situação empírica, interdiscurso, condições de produção, circunstâncias de enunciação).

Para a autora, a Análise do Discurso objetiva a compreensão de como os símbolos constituem-se e produzem sentidos, analisando os gestos de interpretação que ela considera como atos no domínio simbólico. A AD trabalha os limites e os mecanismos da interpretação, como parte de seus processos de significação. Considerando sujeito e exterioridades, para a AD, o sujeito linguístico-histórico é constituído pelo esquecimento e pela ideologia. Assim, a análise consistirá não em identificar “verdades ocultas” na rapsódia, mas sim, por meio da análise dos pressupostos e da associação às exterioridades, identificar as influências histórico-contextuais e ideológicas na formação do discurso; no processo ao qual o enunciador absorve-o em sua subjetividade esquecendo a real autoria dos ideais apresentados, bem como nos gestos de interpretação que o constituem.


MODERNISMO E MODERNIDADE


De acordo com Thompson (1998), com o desenvolvimento de uma variedade de instituições de comunicação a partir do século XV, os processos de produção, armazenamento e circulação têm passado por significativas transformações. Em virtude deste desenvolvimento, não apenas produtos, como também ideologias, foram produzidas e reproduzidas em escala sempre em expansão. Ideias tornaram-se mercadorias que podem ser compradas e vendidas, e tornaram-se acessíveis aos indivíduos dispersos no tempo e no espaço. De forma profunda e irreversível, o desenvolvimento tecnológico transformou a natureza da produção e do intercâmbio simbólico no mundo moderno.

Friedrich Nietzsche (2001), no século XIX, anunciou a morte de Deus em A gaia ciência (1882). Ao afirmar que os homens mataram a Deus, o filósofo alemão atentou que um novo homem surgia, superando a si próprio, ou seja, um super-homem. Ao criticar a visão platônica da existência de dois mundos e valorizando o pensamento sofista da busca de explicações científicas e não mitológicas à complexidade humana (pressupondo que o cristianismo ocidental nada mais é do que a interpretação dos ideais propostos por Platão e Sócrates), Nietzsche evidencia a ruptura que a modernidade introduz na história da cultura com o desaparecimento dos valores absolutos, das essências e do fundamento divino.

Assim, analisando a modernidade a partir da visão da AD sobre a propagação das ideologias e dos interdiscursos e a capacidade de como os discursos advindos da cultura dominante persuadem o meio, entende-se que as culturas detentoras dos insumos tecnológicos utilizaram-se destes mecanismos para sobrepor seus aspectos culturais e visão de mundo.

Segundo Guberman (2015), nas duas primeiras décadas do século XX, surge no Brasil o modernismo. Na época, o país atravessava um período de instabilidade econômica, social e política. A proclamação da República, em 1889 não trouxe o desenvolvimento esperado. Por volta de 1904, começa a industrialização no Brasil, entretanto, somente após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), observa-se um considerável crescimento industrial e uma efetiva urbanização no país. As diversas crises resultam na Revolução de 30, que permite a ruptura com a elite formada, em sua maioria, por latifundiários.

Além da inovação na forma de caracterizar o povo indígena, Mário de Andrade também inova ao desenvolver seu texto com linguagem totalmente coloquial (oposto dos períodos literários anteriores) e apesar da desvalorização deste, provavelmente a intenção do autor e do movimento (modernismo) é apontar a necessidade da criação de uma identidade cultural brasileira, já que na época ainda valorizava-se muito a Europa (cultura, estilo literário, música, educação, etc.), mesmo o Brasil sendo constituído também por índios e descendentes de africanos, por isso Macunaíma está repleto de personagens folclóricos, palavras africanas e indígenas, e o hibridismo cultural.

Para Hall (2006), o próprio conceito com o qual estamos lidando, “identidade”, demasiadamente complexo, muito pouco desenvolvido e muito pouco compreendido na ciência social contemporânea para ser definitivamente posto à prova. Como ocorre com muitos outros fenômenos sociais, é impossível oferecer afirmações conclusivas ou fazer julgamentos seguros sobre as alegações e proposições teóricas que estão sendo apresentadas.

A partir do hibridismo, Mário de Andrade mesclou real e fantasioso (ora apenas na imaginação de Macunaíma, ora como se fosse realidade). Assim, o escritor compôs sua rapsódia adaptando o folclore, lendas, costumes, a culinária, plantas e bichos de todas as regiões do Brasil, misturando todas as manifestações culturais e religiosas, objetivando criar um aspecto de unidade nacional, que diverge ainda hoje de nossa realidade. (...)






23.3.16

Cultura Islandesa


Séculos de isolamento e dificuldades e uma pequena, homogênea população deu aos islandeses traços peculiares de caráter. A Islândia é uma nação muito coesa de pouco mais de 300 mil habitantes, onde todos parecem se conhecer ou ser parentes distantes um do outro: os laços familiares são extremamente importantes.



Como seria de se esperar de um povo vivendo em uma ilha remota em um meio ambiente difícil, os islandeses são individualistas e autoconfiantes que não gostam de ser mandados sobre o que devem ou não fazer. O debate atual sobre a caça às baleias é o melhor exemplo. Apesar de a maioria dos islandeses sequer sonhar em comer carne de baleia, a maioria apoia a caça – é um modo de silenciar o exterior que quer mandar no que eles podem fazer.


A MENTALIDADE ISLANDESA


Os islandeses têm uma reputação de serem difíceis e destemidos, e é verdade que as comunidades rurais estão primariamente envolvidas com a pesca ou com suas fazendas. Mas não pense que eles são caipiras mal-educados. A Islândia sempre teve uma herança cultural rica e uma taxa de alfabetização enorme, e sua população possui uma grande paixão por tudo que é relacionado às artes. Esse entusiasmo artístico pode ser visto em todo o país, mas é mais proeminente no centro de Reykjavík. Apesar de as pessoas adotarem uma atitude de fatalismo cool, coloque-as em um local de algo que elas gostam e todo o pessimismo some de repente. A maioria dos jovens islandeses toca em uma banda, se aventuram pelas artes, ou escrevem poesia e prosa – eles são explosivos (positivamente) com impulsos criativos.

Essa atitude alegre e confiante sofreu um sério baque com a recente crise econômica. Muitos jovens de Reykjavík tristemente reclamaram que não havia sobrado nada para eles na Islândia: o país era muito pequeno, eles haviam experimentado tudo que havia para experimentar, e a única opção era emigrar. O colapso financeiro fez desse aperto uma realidade – durante o ano de 2009 (ano subsequente à crise na Islândia), houve um aumento de 1,6% na emigração, com um número significativo de jovens deixando o país para encontrar trabalho na Noruega.


Mas não se engane – o orgulho deles pode ter sofrido um revés, mas os islandeses são discreta e legitimamente patriotas. Os islandeses que alcançam sucesso internacional (a cantora Björk, a banda Sigur Rós, o romancista Halldór Laxness, o jogador de futebol Eiður Gudjohnsson), trazendo honra e prestígio para sua pátria, se tornam heróis. E não é coincidência que a Icelandair diz um grande "Bem-vindo ao lar" quando o avião pousa em Reykjavík (foto acima).

O modo como as cidades são desenvolvidas, a ex-base militar dos Estados Unidos, a popularidade de programas de televisão como Desperate Housewives, Lost e The Wire, e a prevalência de cachorros-quentes e Coca-Cola apontam para uma grande influência americana, mas os islandeses consideram seu relacionamento com o resto da Escandinávia mais importante.

De fato, eles têm muito em comum, apesar de que os islandeses não são tão reservados quanto os outros escandinavos na Suécia, Noruega e Finlândia. Eles são curiosos sobre os visitantes e são loucos pra saber o que os estrangeiros pensam deles. “Está gostando da Islândia?” é sem dúvida uma das primeiras perguntas. Apesar de os islandeses falarem inglês muito bem, eles são muito orgulhosos de seu idioma, e cumprimentá-los em islandês bem pronunciado resultará em um olhar de surpresa (quase choque) seguido por um largo sorriso.

Apesar de os islandeses serem normalmente bem reservados e estoicos, uma transformação completa ocorre quando eles fazem festa. Nas noites de sexta e sábado, todas as inibições somem, e a conversa flui tanto quanto o álcool.

Os islandeses não se preocupam muito com cerimonial, mas algumas regras devem ser observadas para você ter uma boa estadia com eles. É importante retirar seus calçados tão logo você entre em uma residência, e se você tiver a sorte grande de ser convidado para um jantar, é uma boa ideia levar um presente para seu anfitrião – uma garrafa de vinho estrangeiro geralmente é a recomendação. Para brindar, você deve dizer "skál!", e no final da refeição, "takk fyrir mig", mostrando seu apreço pelo dono da casa.











20.3.16

Cultura Italiana



Conhecer a cultura italiana é importante para nós brasileiros, pois muitos imigrantes da Itália chegaram ao Brasil entre o final do século XIX e começo do século XX. Estes imigrantes trouxeram a cultura italiana para, principalmente, as regiões sul e sudeste do Brasil.




Língua Italiana


A língua italiana tem sua origem no latim, língua oficial do Império Romano. Porém, vale ressaltar que existem vários dialetos na Itália como, por exemplo, o sardo, o napolitano e o toscano. A língua italiana foi de fato oficializada com o processo de unificação do país em 1861 e a formação do Estado-Nação.


Música


A Itália tem uma rica tradição musical, pois foi um dos principais berços da ópera, com destaque para compositores como Rossini, Puccini e Verdi. Atualmente a música pop italiana e o estilo romântico italiano fazem muito sucesso dentro e fora do país.


Artes


A Itália é repleta de museus de arte. A arte romana e renascentista se destacam no país. Podemos dizer que a arte italiana influenciou vários artistas e estilos artísticos durante a história.


Culinária


A culinária italiana é famosa e se espalha pelos quatros cantos do mundo. Os pratos típicos são as massas como, por exemplo, nhoque, ravióli, capeletti, canelone e lasanha. A pizza também é uma marca registrada da culinária italiana. Os molhos, principalmente os que usam o tomate, também são destaques, pois usam temperos diversos e enriquecem o sabor de outros pratos.



O futebol


O futebol, chamado de cálcio na Itália, é o principal esporte do país. Os italianos são considerados torcedores apaixonados e os jogos costumam encher os estádios.


Cinema


O cinema é muito valorizado na Itália, que já produziu filmes ganhadores de vários prêmios internacionais. O principal gênero do cinema italiano é a comédia. Os anos dourados do cinema italiana foram entre as décadas de 1950 e 1980. Neste período, podemos destacar cineastas como, por exemplo, Vittorio De Sica , Federico Fellini , Sergio Leone , Michelangelo Antonioni e Dario Argento.


Religião


A Itália é um país composto por maioria católica. Vale lembra que toda estrutura da Igreja Católica Apostólica Romana encontra-se no Vaticano. Grande parte dos italianos é praticante da religião católica. As igrejas são encontradas em grande quantidade nas cidades.


Moda


Outro forte aspecto da cultura italiana é a moda. O país é considerado um dos principais polos de produção de moda do mundo com destaque para a cidade de Milão. A Vogue Itália é considerada uma das principais revistas de moda da atualidade. Podemos destacar estilistas italianos famosos como, por exemplo, Giorgio Armani, Versace, Gucci, Valentino entre outros.









18.3.16

Cultura Egípcia



por Thais Costa

Um país tão distante geografica e culturalmente de nós, choca, surpreende e ainda assim encanta. 

O ato de  viajar, afinal, é mesmo um grande aprendizado, uma escola com métodos bem eficazes de ensino. E no Egito, o conhecimento adquirido é ainda mais completo, por ser um país com uma história riquíssima e com uma cultura e religião bem distintas para nós, brasileiros. 

E isso para mim é uma motivação ainda maior para conhecer determinados destinos. Quanto mais diferente do meu entorno habitual, melhor. Por essa razão gostei muito do Egito, apesar de todos os seus problemas. Visitei somente o Cairo e Alexandria, mas já pude notar algumas características da cultura egípcia, as quais compartilho aqui. 


Religião 


A primeira grande diferença percebida está na religião. O islamismo é seguido pela grande maioria da população, o que obviamente reflete nos hábitos e costumes dos moradores. Um grande exemplo é o das vestimentas. 

As mulheres muçulmanas só podem deixar à mostra, as mãos, os pés e o rosto. Elas também não devem usar tecidos transparentes, pois suas roupas devem ser bem recatadas. Ressalto, porém, que as polêmicas burqas (aquelas roupas que só deixam os olhinhos aparecendo) não são obrigatórias pela religião. Segundo o nosso guia Sabry Farouk, muitas mulheres usam o modelo por preferência de seus maridos ciumentos. 



Outro costume influenciado pelos mandamentos da religião está dentro das próprias mesquitas. Em algumas delas, a exemplo Abu-Al-Abbas-Al-Mursi, situada em Alexandria, as mulheres tem uma entrada específica e só podem ficar em um cantinho longe dos homens. Além disso, para entrar nos templos, em geral, sendo muçulmana ou não, é necessário cobrir os cabelos e os ombros.   


Culinária 


Sinceramente gostei bastante da comida egípcia. Evitei muito, em alguns momentos por uma questão de higiene local, o que me levou a comer bastante no Pizza Hut. 

Mas, também tive a oportunidade de fazer refeições típicas com direito a pasta de grão de bico (eles adoram grãos, destaque também para a lentilha), legumes em conserva e o famoso pão árabe feito na hora. Delícia! Os Kebabs também são muito populares por lá. Bem, as batatas fritas e a Coca-Cola estão de intrusas nessa história, mas também estavam bem gostosas. 


Sociedade 


Aqui no Brasil, raramente um homem anda de mãos dadas com outro na rua. Mesmo quando são homossexuais. Caso bem diferente do que ocorre no Egito. É super comum avistarmos homens de mãos dadas ou abraçados sem nenhuma conotação sexual. É um costume por lá. Não há nenhum problema nisso pra eles. 

Por outro lado, as mulheres pouco passeiam pelas ruas, muito menos sozinhas. Elas sempre andam acompanhadas e não costumam ficar “de bobeira” em locais públicos. 


Trânsito 


Salve-se quem puder. Achei uma grande loucura, e olha que o trânsito por aqui não é assim tão organizado. A maioria dos carros que eu via estavam batidos e os egípcios pouco respeitam as normas de trânsito. Atravessar a rua então, é só para os corajosos. 


Higiene 


Fiquei bastante chocada com a quantidade de lixo nas ruas e no grande rio Nilo. Muita sujeira para todos os lados, principalmente no Cairo. Também me impressionei com os açougues que mantinham os animais mortos pendurados com o sangue escorrendo muito no chão, cheio de moscas em volta. O cheiro também não era nada agradável. Aliando tudo isso a uma região desértica, que é naturalmente muito empoeirada, a situação não era nada boa. 


Hospitalidade 


Em geral, gostei muito dos egípcios. Eles são bastante hospitaleiros e simpáticos. Só que como a maioria dos lugares turísticos pobres, os vendedores são bastante insistentes tornando-se muito chatos. Querem te empurrar a todo custo os souvenirs, pashminas,  passeios à camelo, e por aí vai. A tática que o recepcionista do hotel que fiquei me aconselhou a usar foi dizer La shukran, não obrigado, em árabe. Assim, eles ficavam na dúvida se você era turista. Não sei se eles tiveram dúvida, mas o fato é que diminuiu bastante o assédio. 


Poligamia 


Como estávamos minha mãe, meu marido, minha prima e eu nessa viagem, muitos homens perguntaram para o Wellington se nós éramos suas esposas. Ele foi, sem dúvida, muito invejado, pois nem todos tem dinheiro para sustentar três mulheres, rsrsrs. 


Feriado na praia 


Como se trata de um país de maioria muçulmana, é claro que na praia a moda é a roupa de banho árabe, que esconde tudo. Eu, ingenuamente, depois de ter visto várias turistas de shortinhos nas pirâmides, achei que não haveria problema colocar um short para andar pela praia de Alexandria, já que fazia muito calor. Mas, para o meu desespero, eu virei o centro das atenções. Todos olhavam para mim, tiravam fotos, queriam chegar perto. Nossa, foi um horror e, ao mesmo tempo, bem engraçado. 

Poderia ficar escrevendo muito mais sobre essas curiosidades culturais do Egito, mas acho que essas foram as mais intensas pra mim. Como impressão geral, acho que o Egito é um país maravilhoso, rico em cultura, história, atrativos turísticos, mas também com muitas mazelas, machismo e pobreza. 











12.3.16

Cultura Judaica




A cultura Judaica actual, moldada por dois mil anos de tradição rabínica, engloba os aspectos da vida das comunidades Judaicas, integradas nos diversos povos e culturas. Entre os principais aspectos da cultura Judaica podemos realçar a língua, o vestuário e a alimentação.


Locais de culto


Templo de Jerusalém - é o nome dado ao principal centro de culto do povo de Israel, onde se realizavam as diversas ofertas e sacrifícios conhecidas como o korbanot. O Templo de Jerusalém situava-se no Monte Moriá , ao Norte do Monte Sião. Foi o sucessor do Tabernáculo construído pelo profeta Moisés segundo a revelação divina recebida no Sinai.

De acordo com a tradição judaico-cristã, o Primeiro Templo teve sua construção iniciada no terceiro ano do reinado de Salomão e concluída sete anos depois. Segundo a Bíblia, em Reis e em Crônicas foi seu construtor Hirã, que a lenda maçônica narra como sendo Hiram Abiff. Foi saqueado várias vezes e acabou por ser totalmente incendiado e destruído por Nabucodonosor II, em 587 a.C.

O Segundo Templo foi reconstruído durante a dominação persa, no mesmo local. Sofreu modificações com o rei Herodes, o Grande. Acabaria também por ser destruído em 70 DC, desta vez pelas legiões romanas comandadas pelo general Tito. Deste templo atualmente só restou o que conhecemos como o Muro das Lamentações.

Sinagoga -  é o local de culto da religião judaica, sendo desprovido de imagens religiosas ou de peças de altar e tendo como o seu objeto central a Arca da Torah. O serviço religioso da sinagoga é feito todos os dias, sendo alguns envolvendo leituras da Torah, a peça central da sinagoga, cujos rolos são retirados da Arca e transportados até o púlpito.


Símbolos do Judaísmo


Os símbolos judaicos são parte de uma cultura muito rica. Porém, alguns seguidores não dão valor a estes símbolos ,ou mesmo saber o que eles significam. Alguns deles são essenciais para a religião como a Menorah e a estrela de David. 


A Menorah é um dos mais antigos símbolos da fé judaica. É um candelabro com sete braços que representa Israel e o judaísmo.

A Estrela de David , estrela de seis pontas feita com dois triângulos equiláteros, é o simbolo do judaísmo desde o século dezassete antes de Cristo.




Textos Sagrados


Torah                                 Neviim                                         Ketuvim

Génesis                               Josué                                           Salmos
Êxodo                                 Juízes                                           Job
Levítico                              Samuel                                        Provérbios
Números                             Reis                                             Rute
Deuterónimos                     Isaías                                           Cântico dos Cânticos
                                           Jeremias                                       Eclesiastes
                                           Ezequiel                                       Lamentações
                                           Doze profetas                               Ester
                                           Menores                                       Daniel
                                                                                                Esdras-Neemias
                                                                                                Crónicas


Alimentação Kosher


No Brasil, estima-se que vivam cerca de 180 mil judeus, daí ser um “ramo” importante dentro da alimentação, não é mesmo?! A palavra kosher, significa “permitido”, “próprio” ou “bom” e essas regras alimentares estão descritas na Torá, o livro sagrado dos judeus, que acreditam que o alimento deve nutrir não só o corpo como a alma também.

Seus preceitos referem-se ao modo de preparo e também à combinação entre os alimentos numa mesma refeição. Ela é baseada em três pilares:

– Carne: Pode-se consumir apenas animais que possuam o casca fendido e que ruminam, tais como: vaca, carneiro, bode e cervo. Porco e coelho estão excluídos. As aves permitidas são: frango, peru, ganso, faisão e pato mas, as de rapina, por se alimentarem de outros animais, são proibidas. Quanto aos pescados, só podem os que possuem barbatanas e escamas, crustáceos e moluscos não podem. Um animal não pode sofrer ao morrer, para isso, deve-se seguir um ritual no abate. O sangue não pode ser consumido, pois esse representa a própria essência e característica do ser. Por isso, todo o sangue deve ser extraído das carnes e, basicamente, utilizam dois métodos para isso: molhar e salgar ou assar.

– Leite e derivados:  O rabino deve acompanhar tanto a ordenha quanto o engarrafamento, onde é verificada a procedência do animal ou mesmo a ausência de mistura de um alimento kosher e outro não. No caso dos derivados, averigua-se o leite utilizado e ainda, se não houve a utilização de utensílios usados na manipulação de carnes.

– Parve: Essa palavra resigna produtos que crescem na terra e seus derivados, ou seja, frutas, legumes, verduras e cereais. Podem ser usados sem restrição. Os ovos podem ser usados com carne ou com leite mas, se tiver um pingo de sangue no ovo, não pode ser utilizado. Os vinhos oriundos do fruto da parreira, apenas esses, devem ser supervisionados.

Além disso, não se pode misturar carne com leite e derivados, seja no preparo,  no armazenamento ou mesmo no consumo. Utensílios e equipamentos usados para laticínios devem ser utilizados de forma exclusiva.



Kosher


O selo do certificado judeu kosher, como a imagem desse post, é um dos mais importantes e rígidos do mundo. Então, pode confiar fielmente em sua qualidade. Para receber esse selo, os alimentos precisam ser preparados sob a supervisão de um rabino. O selo é renovado anualmente com uma nova visita do rabino, e ainda, com inspeções surpresas ao longo do ano.





Atualmente, há uma variedade de estabelecimentos que comercializam produtos kosher, há restaurantes também e até hospitais, como o Einstein que disponibilizam esse cuidado com seus clientes/pacientes.





10.3.16

Cultura Internacional






por James Petra 

Uma das grandes decepções do nosso tempo é a noção de "internacionalização" de ideias, mercados e movimentos. Tornou-se moda evocar termos como "globalização" ou "internacionalização" para justificar ataques a qualquer ou todas as formas de solidariedade, comunidade, e/ou valores sociais. Sob o disfarce de "internacionalismo", a Europa e os EUA tornaram-se exportadores dominantes de formas culturais que na maior parte conduzem à despolitização e trivialização da existência de todos os dias. As imagens de mobilidade individual, a pessoa "self-made", a ênfase sobre a "existência egoísta" (produzida em massa e distribuída pela indústria americana dos mass media) tornaram-se agora instrumentos importantes na dominação do Terceiro Mundo. 

O neoliberalismo continua prospera não porque ele resolva problemas, mas porque ele serve aos interesses dos ricos e poderosos e vibra entre alguns sectores dos empobrecidos empregados por conta própria que pululam nas ruas do Terceiro Mundo. 


A norte-americanização das culturas do Terceiro Mundo tem lugar com a benção e o apoio das classes dominantes nacionais porque ela contribui para estabilizar o seu domínio. As novas normas culturais — o privado sobre o público, o individual sobre o social, o sensacional e violento sobre as lutas quotidianas e as realidades sociais — tudo contribui para inculcar precisamente os valores egocêntricos que minam a acção colectiva.  A cultura de imagens, de experiências transitórias, de conquista sexual trabalha contra a reflexão, compromisso e sentimentos partilhados de afeição e solidariedade. 

A norte-americanização da cultura significa focar a atenção popular sobre celebridades, personalidades e mexericos privados — não sobre a profundidade social, substância económica e condição humana. O imperialismo cultural distrai da relação de poder e desgasta as formas colectivas de acção social. 

A cultura que glorifica os reflexos 'provisórios' do capitalismo americano sem raízes — seu poder para contratar e despedir, para movimentar o capital sem respeito para com comunidades. O mito da "libertação da mobilidade" reflecte a incapacidade do povo para estabelecer e consolidar raízes comunitárias em face das cambiantes exigências do capital. 

A cultura norte-americana glorifica o transitório, as relações impessoais como "liberdade" quando de facto estas condições reflectem a anomia e a subordinação burocrática de uma massa de indivíduos ao poder do capital corporativo. A norte-americanização envolve um assalto maciço às tradições de solidariedade em nome da modernidade, ataques às lealdades de classe em nome do individualismo, a degradação da democracia através campanhas maciças dos media que enfocam personalidades. 

A nova tiraria cultura tem raiz no omnipresente e repetitivo discurso do mercado, da cultura homogeneizada do consumo, de um sistema eleitoral degradado. A nova tiraria dos media mantem-se de pé lado a lado com o Estado hierárquico e as instituições económicas que vão desde os gabinetes dos bancos internacionais às aldeias nos Andes. 

O segredo do êxito da penetração cultural norte-americana no Terceiro Mundo é sua capacidade para modelar fantasias a fim de escapar à miséria gerado pelo próprio sistema de dominação económica e militar. Os ingredientes essenciais do novo imperialismo cultural são a fusão do comercialismo-sexualidade-conservadorismo, cada um deles apresentado como expressões idealizadas de necessidades privadas, de auto-realização individual. 

Para algumas pessoas do Terceiro Mundo imersas em tarefas quotidianas sem perspectivas, lutas pela sobrevivência diária, no meio da sujeira e da degradação, as fantasias dos media norte-americanos, tal como o evangelista, retractam "alguma coisa melhor", uma esperança numa melhor vida futura — ou pelo menos o prazer indirecto de observar outros a desfrutá-la. 



Impacto do Imperialismo  Cultural  


Se quisermos entender a ausência de transformação revolucionária, apesar da maturação de condições revolucionárias, devemos reconsiderar o profundo impacto psicológico do Estado de violência, terror político e a profunda penetração dos valores cultural/ideológicos propagados pelos países imperiais e internalizados pelos povos oprimidos. 

O Estado de violência dos anos 70 e princípios de 80 criaram danos psíquicos a longo prazo e em larga escala — medo de iniciativas radicais, desconfiança de colectividades, um sentimento de impotência perante autoridades estabelecidas — mesmo quando as mesmas autoridades são odiadas. O terror virou o povo "para dentro de si próprio", em direcção a domínios privados. 

Posteriormente, políticas neoliberais, uma forma de "terrorismo económico", resultaram no encerramento de fábricas, na abolição da protecção legal do trabalho, no crescimento do trabalho temporário, na multiplicação de empresas individuais mal pagas. Estas políticas mais uma vez fragmentaram a classe trabalhadora e as comunidades urbanas. 

Neste contexto de fragmentação, desconfiança e privatização, a mensagem cultural do imperialismo encontrou campos férteis para explorar as sensibilidades de pessoas vulneráveis, encorajando e aprofundando a alienação pessoal, objectivos auto-centrados e a competição individual sobre recursos cada vez mais escassos. 

O imperialismo cultural e os valores que ele promove tem desempenhado um papel importante para impedir indivíduos explorados de responderem colectivamente às suas condições em deterioração. Os símbolos, imagens e ideologias que se difundiram no Terceiro Mundo são obstáculos maiores para a conversão da exploração de classe e crescente miserabilismo em consciência de classe, base para a acção colectiva. A grande vitória do imperialismo é não apenas os lucros materiais, mas sua conquista do espaço íntimo da consciência dos oprimidos, directamente através dos mass media e indirectamente através da captura (ou rendição) dos seus intelectuais e políticos. Se bem que um renascimento da política revolucionária de massa seja possível, ela deve começar com a guerra não só às condições de exploração como também à cultura que sujeita suas vítimas. 


Limites do Imperialismo Cultural 


Contrariando as pressões do colonialismo cultural está o princípio da realidade: a experiência pessoal de miséria e exploração imposta pelos bancos multinacionais ocidentais, a repressão policial/militar reforçada pelo fornecimento de armas americanas. As realidades diárias, às quais os media escapistas jamais poderão mudar. Dentro da consciência dos povos do Terceiro Mundo há uma luta constante entre o demónio da escapatória individual (cultivada pelos massa media) e o conhecimento intuitivo de que a acção e responsabilidade colectivas são a única resposta prática. Em tempos de mobilizações sociais crescentes, a virtude da solidariedade ganha prioridade; em tempos de derrota e declínio, aos demónios da rapacidade individual é dado livre trânsito. 

Há limites absolutos na capacidade do imperialismo cultural para distrair e mistificar pessoas para além do qual inicia-se a rejeição popular. A "mesa da fartura" na TV contrasta com a experiência da cozinha vazia, as escapadelas amorosas de personalidades dos media chocam-se contra uma casa cheia de crianças a engatinharem, chorosas e famélicas. Nas confrontações de rua, a Coca Cola torna-se um coquetel Molotov. A promessa de riqueza torna-se uma afronta àqueles a quem é perpetuamente negada. O empobrecimento prolongado e a decadência generalizada corroem o encanto e o apelo das fantasias dos mass media.  As falsas promessas do imperialismo cultural tornam-se objecto de anedotas amargas, relegadas para outro tempo e outro lugar. 

Os apelos do imperialismo cultural são limitados pelos laços duradouros das colectividades — locais e regionais — as quais têm os seus próprios valores e práticas. Onde os laços de classe, de raça, de género e de etnia persistem e as práticas de acção colectiva são fortes, a influência dos mass media é limitada ou rejeitada. 

Na media em que as culturas e tradições preexistentes se mantenham, elas formam um "círculo fechado" que integra práticas sociais e culturais voltadas para dentro de si mesmas, não para fora. Em muitas comunidades há uma rejeição clara do discurso "modernista" de desenvolvimento individualista associado com a supremacia do mercado. 

As raízes históricas para a solidariedade sustentada e para os movimentos anti-imperiais são encontradas em comunidades étnicas e ocupacionais coesas; cidades mineiras, aldeias de pescadores e florestais, concentrações industriais em centros urbanos. Onde trabalho, comunidade e classe convergem com tradições culturais e práticas colectivas, o imperialismo cultura recua. 

A efectividade do imperialismo cultural não depende simplesmente das suas qualificações técnicas de manipulação, mas sim da capacidade do Estado de brutalizar a atomizar a massa do povo, privá-la das suas esperanças e da fé colectiva em sociedades igualitárias. 

A libertação cultural não significa simplesmente "dar poder" a indivíduos ou classes, mas depende sim do desenvolvimento de uma força sócio-política capaz de confrontar o estado de terror que antecede a conquista cultural. A autonomia cultural depende da força social e a força social é percebida pelas classes dominantes como uma ameaça ao poder económico e do Estado. 

Assim como a luta cultural está enraizada em valores de autonomia, comunidade e solidariedade que são necessários para criar a condição de consciência por transformações sociais, é necessária a força política e militar para apoiar as bases culturais das identidades de classe e de nação. 

O mais importante: a esquerda deve recriar uma fé e uma visão de uma nova sociedade construída em torno de valores tanto espirituais como materiais: valores de beleza e não apenas de trabalho. A solidariedade ligada à generosidade e à dignidade. Onde os modos de produção estejam subordinados a esforços para fortalecer e aprofundar antigos vínculos pessoais e de amizade. 

O socialismo deve reconhecer as aspirações de estar sozinho, de estar na intimidade, assim como de ser social e colectivo. Acima de tudo, a nova visão deve inspirar o povo porque isto vibra com o seu desejo não apenas de ser livre da dominação como de ser livre para criar uma vida pessoal significativa informada por relações afectivas não-instrumentais que tanto transcendam o trabalho quotidiano como inspirem as pessoas a continuarem a lutar. O imperialismo cultural tem êxito quanto à novidade, às relações transitórias e à manipulação pessoal, mas nunca sobre uma visão de laços autênticos, íntimos, baseados sobre a honestidade pessoal, a igualdade de género e a solidariedade social. 

As imagens pessoais mascaram os assassínios em massa do Estado, assim como a retórica tecnocrática racionaliza as armas de destruição maciça ("bombas inteligentes"). O imperialismo cultural na era da 'democracia' deve falsificar a realidade no país imperial a fim de justificar a agressão — através da conversão das vítimas em agressores e dos agressores em vítimas.