Museu Hermitage - Rússia




O Hermitage é uma das grandes atrações de São Petersburgo e considerado um dos melhores museus do mundo. No entanto, não é necessário gostar de admirar coleções  de arte para se encantar por ele, pois ao lado do impressionante acervo de 3 milhões de peças, o Hermitage tem alguns dos mais lindos ambientes palacianos de todo o mundo, então o próprio museu já é uma belíssima atração. 

O nome oficial é “Museu Estatal Hermitage” e, na verdade, ele é composto por cinco edifícios, entre eles o suntuoso Palácio de Inverno, construído na então capital da Rússia em 1754 e residência oficial dos czares por 150 anos, incluindo Catarina, a Grande e a família Romanov (aquela da Anastácia). Como já contei no post introdutório sobre São Petersburgo, passear pelo Hermitage foi como estar em um sonho.

A primeira vez que o vimos foi à noite. Estávamos voltando de um primeiro passeio pela cidade, andando às margens do Rio Neva (num friiiiio) quando notamos um prédio enorme, que não acabava nunca. Então, quando finalmente viramos a esquina, voilá: lá estava a Praça do Palácio e, ao seu redor, o complexo de prédios lindo e iluminado. Foi emocionante! Ainda me lembro do friozinho na barriga na manhã seguinte quando andamos do hotel até aquela praça novamente, com nossos tíquetes nas mãos para iniciarmos nosso passeio pelo museu.


Um pouco de história

As origens do Museu Hermitage remontam a 1754, quando a imperatriz Elizabeth Petrovna iniciou a construção de uma residência em estilo Barroco com projeto do arquiteto Bartolommeo Francesco Rastrelli. A beleza do Palácio de Inverno deveria, segundo o desejo de Elizabeth, ofuscar a de todos os palácios da Europa. Cabe lembrar que a cidade de São Petersburgo havia sido fundada em 1703 por Pedro, o Grande, com o objetivo de assegurar presença no mar do báltico, mas também como uma janela da Rússia para a Europa ocidental. Por isso, seu estilo era opulento, para demonstrar a riqueza do país, mas seguindo os padrões europeus.

A palavra “ermitage”, em francês, significa o lugar onde vive um ermitão. Designava, portanto, uma casa isolada.

As obras do Palácio duraram 8 anos. A este edifício se juntariam outros 3 – o Pequeno Hermitage, o Grande Hermitage e o Teatro Hermitage – construídos por ordem de outra imperatriz, Catarina II, que assumiu em 1762 e que preferia um novo estilo arquitetônico em voga, o neoclássico. 


Em 1764, Catarina adquiriu uma extensa coleção de pinturas e são essas obras que marcam o início do acervo do Hermitage. Quando o Pequeno Hermitage ficou pronto, em 1769, Catarina abrigou sua coleção lá,  o que leva este prédio a ser considerado a galeria de arte mais antiga do mundo. Nascia, assim, de fato, o Museu Hermitage.

A coleção imperial foi crescendo de czar a czar. A ela foi incorporada, por exemplo, a coleção do palácio Malmaison, da ex-imperatriz Josephina, mulher de Napoleão. Em 1841, Nicolau I ordenou a construção de um quarto prédio, o Novo Hermitage. Este foi o primeiro edifício na Rússia construído exclusivamente com o objetivo de abrigar arte.

Assim, em 1852, quando foi inaugurado o Novo Hermitage, nasceu oficialmente o Museu Imperial Hermitage. A inauguração foi um grande acontecimento e Museu era aberto ao público, ou pelo menos, aos nobres. Por muito tempo apenas a nobreza pôde trabalhar no museu.

Em 1904, o Palácio de Inverno deixou de ser a residência oficial dos czares. Nicolau II e sua família se mudaram para Tsarskoye Selo. Dez anos depois, durante a Primeira Guerra Mundial, São Petersburgo tornou-se Petrogrado e o Palácio foi adaptado para servir como um hospital. Grande parte de seu acervo foi, na época, enviada a Moscou, por segurança. As obras só retornaram em 1921, quando a Rússia já dera lugar à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).



Com a revolução de fevereiro de 1917, o museu teve toda a sua coleção inventariada e, em agosto daquele ano, junto a todo os outros palácios do país, o complexo Hermitage foi nacionalizado. O governo provisório se mudou para o Palácio de Inverno e algumas das paredes das salas ricamente decoradas foram cobertas com tecido de algodão. Em outubro, com a revolução bolchevique, o museu foi protegido com barricadas e, posteriormente, o governo destacou guardas para protegê-lo.

O complexo do Hermitage integra o Centro Histórico de São Petersburgo, listado como Patrimônio Mundial pela Unesco devido à sua arquitetura única, que mescla estilos barroco, neoclássico e influências culturais russas e bizantinas.

Durante a II Guerra Mundial, homens e mulheres arriscaram suas vidas para salvar o Hermitage. Para evitar que o acervo caísse em mãos alemãs em uma possível invasão, parte das obras foi transferida para outras cidades e parte foi abrigada no subsolo do museu. Foram dias de trabalho intenso, com apenas uma hora por dia para descanso para a equipe.


O esforço prosseguiu durante o cerco à cidade (que então já se chamava Leningrado) que durou de 1941 a 1944. Cerca de 2 mil pessoas se mudaram para o museu e tentaram evitar os danos dos bombardeios. Uma placa no Pequeno Hermitage, que encontrei durante nossa visita, contava que, em um dos jardins de inverno do palácio, apenas durante este período não se viram flores, pois os funcionários do Hermitage plantaram alimentos para ajudar a população a enfrentar a fome. Há diversos relatos dos esforços dos funcionários do museu para preservar o acervo e o prédio durante o cerco. Um deles virou livro e chama-se “Saved for Humanity” (veja aqui na Amazon) e há outros aqui e aqui. Os trens com as obras evacuadas no início do cerco retornaram ao museu em 1945.

Durante a existência da URSS, o acervo do museu sofreu acréscimos, oriundos de confiscos de coleções particulares, mas também baixas porque o governo tinha uma política de descentralizar a arte, enviando  obras para museus menores pelo país, além de ter vendido obras importantes.


O que é o Hermitage hoje

Atualmente, o Hermitage possui um acervo de 3 milhões de peças! São obras de arte como pinturas e esculturas, objetos decorativos e também jóia e ouro cita. Mas apenas 20% desse acervo fica em exibição distribuídos por 1.057 salas e 17 escadarias. Dizem que, se uma pessoa observasse cada item por 1 minuto, levaria “apenas” 11 anos para ver tudo. O Hermitage compreende cinco prédios que são interligados:



:: O Palácio de Inverno: é onde fica a entrada principal para o Museu e foi o primeiro prédio a ser construído, como residência para os imperadores;

:: O Pequeno Hermitage: as obras de arte que Catarina II abrigou aqui deram início ao acervo do Hermitage. O prédio tinha o objetivo de ser um espaço mais “íntimo” para Catarina. Hoje, estão aqui peças famosas como o Relógio de Pavão e pinturas da Europa ocidental e arte decorativa;

:: O Grande (ou Velho) Hermitage: foi construído após o Pequeno Hermitage e tem uma arquitetura mais “simples”. Ele abriga a coleção de arte renascentista italiana, incluindo os Loggias de Raphael, cópias dos afrescos originais do Vaticano;

:: O Novo Hermitage: primeiro prédio construído para abrigar um acervo de museu na Rússia, o Novo hoje abriga as coleções de arte antiga, pinturas européias e artes decorativas e esculturas;

:: O Teatro Hermitage: também construído por Catarina II, ainda hoje seu palco é utilizado para apresentações. Não fica aberto à visitação conjugada com as exposições.



Além disso, há, ainda na mesma Praça, em frente ao Palácio de Inverno:

:: Edifício do Estado Maior: construído entre 1820 e 1830, este prédio já abrigou diversos ministérios, como o das Relações Exteriores e também órgãos militares. Ele está passando por adaptações para se incorporar ao complexo e receber uma parte da coleção do Hermitage. Quando nós visitamos o museu, em dezembro de 2014, algumas salas de pintura contemporânea que antes estavam no Palácio de Inverno já estavam sendo transportadas para lá. O plano é que ele seja a casa das coleções de arte decorativa russa e européia e de pinturas e esculturas do século 19 até a atualidade.


Como chegar?

É facílimo encontrar o Hermitage. Os prédios ficam ao redor da Praça do Palácio e o portão principal é no Palácio de Inverno, o prédio azul.

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A entrada principal, bem em frente à coluna na praça
Quanto tempo para a visita?

Para percorrer apenas os prédios principais do Hermitage, sem o do Estado Maior, nós levamos cerca de 14 horas, que dividimos em dois dias. Ou seja, mesmo que você queria fazer um passeio rápido, sem se prender muito às peças de arte e apenas “olhar” o prédio, reserve pelo menos 4 horas. Minha indicação é reservar duas tardes, dividindo o passeio em dois dias. Se quiser economizar, reserve um dia inteiro e compre o ingresso para apenas uma entrada. Atente que as obras impressionistas e pós-impressionistas estão sendo transferidas para o prédio do Estado Maior, então, em breve, para vê-las você vai precisar ir ao outro prédio. Quando visitamos o acervo estava começando a ser transferido e ainda havia muita coisa no Palácio de Inverno.

Facilidades

O Hermitage tem banheiros em todos os andares e elevadores. No térreo há guarda volumes – gratuito-, um caixa eletrônico, uma lanchonete e um cyber café, além de lojinhas.






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