Museu Estatal da História da Religião - Leningrado



A base da coleção do museu foi constituída por objetos que vieram dos repositórios do Museu de Antropologia e Etnografia “Pedro, o Grande”, chamado também “Kunstkamera”, do Museu Estatal de Hermitage, da Biblioteca da Academia de Ciências e do Museu Estatal Russo. Todos estes objetos foram utilizados na exposição anti-religiosa, organizada pelo pessoal da Academia de Ciências nas salas do Palácio de Inverno, em Leningrado, em abril de 1930.


No dia 15 de novembro de 1932 o Museu foi inaugurado solenemente dentro da sede da Catedral de Kazan de São Petersburgo. Aliás, naquela época a cidade era chamada Leningrado. Ao contrário dos chamados museus anti-religiosos (o museu anti-religioso funcionava no período de 1929 a 1932), o Museu da História da Religião foi criado no quadro da Academia de Ciências como uma instituição de pesquisas e de difusão de conhecimentos científicos, destinada a efetuar o estudo geral da religião, tida como um fenômeno histórico – social complicado, incluindo o estudo da evolução dos conceitos e cultos religiosos, do local da religião na cultura espiritual de diversas épocas, do aspecto psicológico da fé religiosa, dos movimentos religioso-sociais, dos processos de secularização, da arte religiosa, etc. Durante décadas o pessoal do museu não somente promovia exposições, mas também guardava muitos objetos religiosos, salvando-os frequentemente da destruição, mas também levava a cabo o seu estudo sistemático.

O período de 1932 a 1944 é etapa de formação do Museu da História da Religião, de lançamento dos fundamentos e das tradições do seu trabalho na esfera de criação de arquivos científicos, promoção de exposições, assim como, nas esferas de educação e de pesquisa. Até 1941 o Museu da História da Religião conseguiu concentrar nos seus fundos uma coleção riquíssima de objetos que refletiam toda a multi variedade das religiões. Pode-se mencionar, como exemplo, a coleção de ícones ortodoxos dos séculos XVII – XX, dos objetos de artes plásticas e da arte decorativo-aplicada, que refletiam a história e a cultura do cristianismo oriental e ocidental, do hinduismo, budismo, islã, judaísmo, das crenças tradicionais dos povos do Cáucaso, da Sibéria, região do Volga, das religiões da China e do Japão.


No quadro do Museu foi aberta uma biblioteca única – a maior coleção russa de livros sobre a história da religião e do estudo das religiões. Em 1935 o bureau do Departamento de História da Academia de Ciências anunciou a criação na base deste museu da Associação do Estudo Científico da Religião.

Durante a Segunda Guerra Mundial a maior parte do pessoal do museu estava nas frentes de batalha. Os que ficaram cuidavam de conservar as coleções museicas, faziam plantão no telhado da catedral, extinguiam bombas incendiárias. Durante o bloqueio de Leningrado o pessoal do museu promoveu várias exposições, dedicadas à história militar do nosso povo. Em 1942 uma exposição, dedicada a tradições patriótico-militares da Rússia foi organizada na grandiosa colunata da catedral de Kazan. 

A segunda etapa da história do Museu, - o período de 1944 a 1960, - está relacionada ao seu restabelecimento depois da guerra e criação da grande exposição da história das religiões do mundo. Esta exposição tornou o museu famoso não somente na União Soviética mas também no estrangeiro. Durante este lapso de tempo foram publicadas grandes pesquisas monográficas, dedicadas a diversas questões da história da religião e do livre-pensamento. No período de 1957 a 1963 saíram sete volumes do “Anuário do Museu da História da Religião”, um periódico fundamental especializado no estudo das religiões.

Em 1954 o Museu passou a ser chamado Museu Estatal da História da Religião e do Ateísmo junto da Academia de Ciências da União Soviética. Nesta época delineou-se a reorientação de toda a atividade do Museu pela propaganda aberta do ateísmo. Isto não podia deixar de influenciar as exposições do museu, assim como as suas pesquisas científicas que deviam ter em vista, em primeiro lugar, a solução de tarefas atuais.

A partir de princípios da década de 70 na atividade do Museu delinearam-se tendências novas: começava a preparação de uma nova exposição, tornou-se mais intensa a atividade nas esferas de preparação de exposições, de recolha de objetos museicos e de pesquisas científica. O Museu Estatal da História da Religião e do Ateísmo tornou-se centro metódico-científico, o pessoal do Museu começou a percorrer todo o país realizando exposições e conferências.

Em 1990 o Museu recuperou o seu nome original – Museu Estatal da História da Religião e agora é um museu de âmbito federal. Pela primeira vez, após um intervalo de quase cem anos, um conjunto museico foi instalado no prédio, equipado e adaptado especialmente para o museu.

Hoje na lista de esferas prioritárias da atividade do Museu consta não somente o estudo de monumentos da herança cultural e a promoção de exposições, mas também a criação de programas de educação, de pedagogia museica e do produto muséico-turístico atual, destinado para diversas categorias dos seus visitantes.

A problemática deste museu é bastante complicada. Mas o trabalho profissional de pesquisadores, curadores do museu, pedagogos museicos, guias de excursões e de outros especialistas, efetuado no quadro do espaço neutro do museu, permite tomar conhecimento da religião utilizando-se uma linguagem, acessível para um visitante mais despreparado.

A missão do nosso pessoal não consiste em ensinar os fundamentos da religião, nem em impor preferências. Ensinamos a história e as tradições culturais de diversos povos, ensinamos a respeitar as suas concepções religiosas, ensinamos a cultura de tolerância conscientizada em relação aos representantes de diversas confissões e grupos étnico – religiosos.