Museu Casa Cora Coralina





A vida e obra de uma das poetisas mais conhecidas do Brasil estão expostas para os amantes das letras e para o público em geral no Centro-Oeste brasileiro. O Conhecendo Museus preparou um programa especial para contar a você tudo sobre Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas (1889-1985).

Considerada uma das principais escritoras brasileiras, Cora teve seu primeiro livro publicado em junho de 1965 (Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais), quando tinha 76 anos de idade. Mulher simples, doceira de profissão, viveu longe dos grandes centros urbanos, longe dos modismos literários, produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em particular das suas histórias e vida simples de Goiás.


Quando completou 50 anos, a poetisa relatou ter passado por uma profunda transformação interior, que definiu como “a perda do medo”. Nessa fase, ela deixou de atender pelo nome de batismo e assumiu o pseudônimo. Durante esses anos, Cora sempre escreveu poemas relacionados com a sua história pessoal, com a cidade em que nasceu e com ambiente em que foi criada. A sua casa na Cidade de Goiás foi transformada em museu em homenagem à sua história de vida e produção literária.

O Museu Casa de Cora Coralina foi inaugurado em 1989 e preserva na história as frases, os pensamentos, os poemas e poesias dessa importante figura da literatura brasileira. Tem por objetivo projetar, executar, colaborar e incentivar atividades culturais, artísticas, educacionais e filantrópicas visando, sobretudo, à valorização da identidade sociocultural do povo goiano, além de preservar a memória e divulgar a sua obra.


O acervo conserva a memória da poetisa e colabora para incentivar novos talentos. Entre os objetos expostos, estão imagens e discursos preservados para lembrar Cora e promover sua imortalização. No museu há diversos tipos de materiais, todos organizados e de fácil acesso aos visitantes. Há desde peças de roupas, fotos, utensílios domésticos, livros, móveis e cartas no interior da casa; além do jardim nos fundos, e da bica de água potável.

O Museu Casa de Cora Coralina é uma instituição museológica brasileira, localizada na cidade de Goiás, às margens do rio Vermelho. Também conhecida como Casa Velha da Ponte, a construção foi edificada em meados do século XVIII para uso do recolhimento do Quinto Real na região. A casa pertenceu ao desembargador Francisco Lins dos Guimarães Peixoto, pai da poetisa, tendo sido adquirida incialmente no início do século XIX. A construção apresenta características típicas da arquitetura colonial brasileira, como paredes de pau a pique e adobe.


O Cântico da Terra

Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.

Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranqüila ao teu esforço.
Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.

Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.

A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.

E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranqüilo dormirás.

Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.

Cora Coralina





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